O pólipo uterino é um crescimento em um ponto de uma camada interna do útero. A imagem é como se fosse “uma dobra” nessa camada.
O pólipo pode aparecer no canal cervical do útero (polipo endocervical) ou no corpo uterino (pólipo endometrial).
O pólipo endocervical pode ser identificado no simples exame ginecológico, na colposcopia, na ultrassonografia, na histeroscopia e na histerossalpingografia.
O pólipo endometrial (localizado na parte mais interna do útero) não pode ser identificado a olho nu, apenas nos exames que citei acima.
Se você tem uma suspeita de pólipo uterino, fique calma! Na grande maioria das vezes (em torno de 98%) são benignos.
Se foi diagnosticado o pólipo, ele deve ser acompanhado. Alguns pólipos regridem, outros aumentam de tamanho e podem surgir até mais ao longo do tempo.
O tratamento (retirada do pólipo) deve ser individualizado, considerando:
- sangramento genital anormal
- Infertilidade
- menopausa
- uso de terapia hormonal ou de tamoxifeno (remédio para tratamento de câncer de mama).
- quando são vários pólipos ou algum acima de 1,0-1,5cm
- obesidade, hipertensão e diabetes associados
- anovulação crônica (paciente sem menstruar)
O pólipo pode ser uma hipótese quando há algum sintoma diferente principalmente relacionado a sangramento genital. Se você não tem nenhum sintoma, o mais provável é que não tenha pólipo. Às vezes, também é um achado ao acaso em algum exame.
A retirada do pólipo é feita principalmente por histeroscopia cirúrgica.
Por que surgem os pólipos?
Aqui está uma grande pergunta. Sempre que faço um diagnóstico de pólipo vem: o que causa o pólipo?
As causas do surgimento dos pólipos uterinos não são bem conhecidas. Mas sabemos alguns fatores que podem estar associados ao aparecimento dos pólipos:
- mutações genéticas
- aumento da ação de uma enzima (aromatase) no endométrio
- maior ação do estrogênio (não contrabalanceada pela progesterona)
É mais comum após os 40 anos de idade e na fase da menopausa.
Algumas situações favorecem também o surgimento dos pólipos e até mesmo a recidiva deles, como: obesidade, anovulação crônica (quando a pessoa não menstrua regularmente), síndromes metabólicas (como associação de diabetes, hipertensão e aumento de colesterol), uso de tamoxifeno.
Outra pergunta comum é: o que fazer para evitar os pólipos? Atividade física, alimentação balanceada e saudável. Procurar um médico se a menstruação for irregular (tipo, levar mais de 45 dias entre um ciclo e outro) e ficar atenda sobre uso de hormônios.
Quais os sintomas do pólipo uterino?
Na grande maioria dos casos, o pólipo uterino não causa sintomas de dor, corrimento ou alterações muito visíveis.
O principal sintoma do pólipo uterino está relacionado ao sangramento genital. Esse vai ser o sinal de alerta!
Pode acontecer: aumento do fluxo menstrual, sangramento entre as menstruações, sangramentos após relação sexual, sangramento após a menopausa.
O pólipo uterino em grande parte é um achado na ultrassonografia. Mas devemos ter cuidado, porque dependendo da fase do ciclo menstrual (se a pessoa ainda menstrua), o endométrio pode ficar com um aspecto cheio de ondulações que confunde com pólipo. Às vezes, vale a pena repetir a ultrassonografia logo após a menstruação acontecer.
É comum a gente fazer uma histeroscopia, que seria o exame que confirma a presença do pólipo e olhar todo o útero e não identificar nenhum pólipo. Bem, o pólipo pode ter se desgarrado e saído com o sangue menstrual, pode ter regredido ou de fato não era pólipo (apenas endométrio).
A notícia boa é que a grande maioria dos pólipos uterinos é benigna. Basta acompanhar.
Pólipo uterino pode causar câncer?
O pólipo endometrial pode ser uma lesão precursora do câncer endometrial, mas é raro. O risco de ser algo maligno é menor do que 3%.
Os fatores de risco para malignidade são:
- idade avançada
- pós-menopausa com sangramento genital
- Pólipo com mais de 1,5 cm
Outros fatores que devemos levar em consideração são: obesidade, hipertensão, uso de Tamoxifeno (para tratamento de câncer de mama).
Já o pólipo endocervical (o que surge no colo uterino) tem um risco de câncer bem mais baixo, em torno de 1,5%.
Mas importante lembrar que quando há um pólipo endocervical, existe uma chance de coexistir pólipo endometrial (em torno de 20%).
Então, a histeroscopia é o exame chamado padrão-ouro porque consegue avaliar o canal endocervical e o endométrio ao mesmo tempo. Além de verificar o tamanho do pólipo, a vascularização e seu aspecto.
(Fonte: FEMINA, 2020).
Qual a relação do pólipo com infertilidade?
O pólipo endocervical que é aquele que surge no colo uterino pode ocupar espaço na “porta” do útero causando ali uma barreira à entrada do espermatozóide ou até mesmo alterando o muco cervical.
O pólipo endometrial que fica dentro da cavidade do útero, na camada onde vai se implantar o embrião (futuro bebê) também pode estar em locais não apropriados, como na entrada do útero ou nos óstios tubários, dificultando a movimentação dos espermatozoides.
O pólipo pode ainda estar associado a um “processo inflamatório” liberando algumas substâncias ali no local que deixariam o ambiente não favorável à implantação do embrião.
Na investigação de infertilidade, é comum a suspeita de pólipo na ultrassonografia ou na histerossalpingografia (com imagem de falhas de enchimento da cavidade uterina).
Mas é com o exame de histeroscopia que avaliamos melhor cada caso. Este é um exame importante nesse processo.